outubro 26, 2006

"O tempo cinematográfico não é o que corre, mas o que dura e co-existe.






















"... Como se pode dizer que um material tão frágil conserva? E que significa conservar, que parece ser uma função bastante modesta?

Não se trata do material, mas da própria imagem: você mostra que a imagem cinematográfica conserva em si, conserva a única vez em que um homem chorou, no Gertrud de Dreyer, conserva o vento, não as grandes tempestades com função social, mas "aí onde a câmara joga com o vento, o antecipa, volta atrás", como em Sjöström ou nos Straub, conserva ou guarda tudo o que possa sê-lo, crianças, casas vazias, plátanos como em Sans toit ni loi, de Varda, e em todo o Ozu, conservar, mas sempre a contra-tempo, porque o tempo cinematográfico não é o que corre, mas o que dura e co-existe".

Gilles Deleuze, Carta a Serge Daney, in "Conversações", Fim de Século


Extraído do blog:
http://last-tapes.blogspot.com/2006/10/le-dur-dsir-de-durer.html

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